sábado, 26 de outubro de 2013

SAÚDE: A AUSTERIDADE "EXEMPLAR" DO III REICH

Um dos aspectos menos conhecidos da barbárie nazi é o programa de eutanásia levado a cabo pelo regime nos hospitais do III Reich para suprimir os doentes mais embaraçosos.
Mais de 200 mil pessoas terão sido eliminadas naquela época, entre as quais 5 mil crianças. Os médicos faziam crer às famílias que as suas crianças tinham morrido de doença. Na verdade, médicos e enfermeiros matavam em série, como explicava um artigo publicado em 2006 no jornal "Der Spiegel":
O III Reich tinha 30 departamentos especializados em crianças, como se dizia, nos quais os nazis praticavam a eutanásia dos menores. (...) Homens e mulheres de blusas brancas administravam medicamentos em sobredose, tais como, o Luminal e a morfina, e as crianças morriam. 
Com este programa, os nazis queriam libertar camas dos hospitais para tratar soldados feridos, que eram para eles vidas mais valiosas. Esta ideia já vinha dos anos anteriores ao princípio da II Guerra Mundial, como explicava "Der Spiegel": 
Já em 1935, a quando do congresso do partido do III Reich, Hitler tinha anunciado o lançamento de um vasto programa de eutanásia em caso de guerra. Os "inferiores", os "existentes que representavam um peso", os "comedores inúteis", como eram designados depreciativamente na linguagem nazi,deviam ser eliminados para ser constituído um "corpo social saudável". 
Também não era raro deixar morrer os doentes de fome e sede. Foi o que aconteceu a Werner Wolters, um pequeno de 3 anos que sofria de raquitismo e que tinha sido hospitalizado em 1941 no serviço especializado de pediatria de Lüneburg, um lugar digno de um matadouro. Segundo "Die Welt", entre 1941 e 1945, morreram mais de 300 crianças por causa do Luminal e mais de 100 por falta de alimentação.
Mesmo com várias investigações feitas sobre estes crimes, muitas famílias alemãs ignoram ainda a verdade. Não é por acaso que, décadas mais tarde, Bärbel Jahn, sobrinha de Werner Wolters, descobriu a verdadeira causa da sua morte graças a um artigo publicado no jornal da terra.
As investigações levadas a cabo actualmente em Lüneburg pela historiadora Carola Rudnick permitiram conhecer o destino de uma dúzia destes pequenos pacientes retirados das mãos dos nazis e informar os seus descendentes. Como explica "Die Welt":
Para alguns, isso abriu uma ferida dolorosa, para outros, encontraram-se finalmente respostas a perguntas insistentes colocadas durante décadas.
A clínica psiquiátrica de Lüneburg, instalada no local onde funcionou o antigo serviço de pediatria, erigiu em 2004 um memorial às vítimas e construiu uma sepultura para os doze cadáveres de crianças encontrados no local.


Ligações: "Sie dachten, hier würde ihren Kindern geholfen" [Die Welt]; Bildungs- und Gedenskstätte "Opfer der NS-Psychiatrie" in Lüneburg [Psychiatrische Klinik]; Lüneburg (Landes- Heil- und Pflegeanstalt Lüneburg) [Lutz Kaelber, Associate Professor of Sociology, University of Vermont]; Neue Gedenkstätte für NS-Opfer in Lüneburg [NDR].

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